terça-feira, 8 de junho de 2010

Reflexão final

A minha primeira impressão acerca deste trabalho não foi muito positiva pois pensava que iria ser uma "seca" estar a copiar a matéria de um lado para por no outro.
Ao longo do módulo 4 comecei a mudar a minha opinião. Agora acho bem interessante fazer este tipo de trabalhos, acho muito mais interessante do que fazer trabalhos de grupo em word etc..
Com este trabalho, a criação de um blog aprendi imenso.
Em relação a trabalhos futuros acho interessante fazer mais trabalhos assim, pois somos alunos de multimédia e acho melhor trabalhar com o computador.

Características das tipologias textuais

A Novela é uma narração em prosa de menor extensão do que o romance. Em comparação ao romance, pode-se dizer que a novela apresenta uma maior economia de recursos narrativos; em comparação ao conto, um maior desenvolvimento de enredo e personagens. A novela seria, então uma forma intermediária entre o conto e o romance, caracterizada, em geral, por uma narrativa de extensão média na qual toda a acção acompanha a trajectória de um único personagem.
O Romance é um herdeiro da epopeia e é tipicamente um género do modo narrativo, assim como a novela e o conto.



A diferença entre romance e a novela não é clara, mas costuma-se definir que no romance há um paralelo de várias acções, enquanto na novela há uma concatenação de acções individualizadas. No romance uma personagem pode surgir no meio da história e desaparecer depois de cumprir a sua função. Outra distinção importante é que no romance o final é um enfraquecimento de uma combinação e ligação de elementos heterogéneos, não o clímax.

Conto é um género narrativo em prosa caracterizado por uma extensão reduzida, poucas personagens e concentração espácio-temporal. A acção é linear, circunscrevendo-se a um conflito, a um episódio ou a um acontecimento insólito, por vezes aparentemente insignificante.

Conto popular é um conto de autor anónimo que faz parte da literatura tradicional de transmissão oral, circulando de geração em geração.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Características do Resumo e Síntese

A Síntese ou Resumo Crítico aproxima-se muito do resumo e as suas regras para a preparação e redacção são semelhantes, mas tem as suas especificidades:
  • É menos impessoal pois é redigida na 3ª pessoa, com indicação do nome dos autores, e é mais dirigida ao leitor apresentando um carácter apreciativo, pois permite que se destaquem as intenções do autor;
  • Embora mantenha a neutralidade e a fidelidade na reconstituição das ideias do texto original, confere maior liberdade na ordem e na organização das ideias;
  • Usa-se para comparar vários textos entre si, dando-se maior relevo à confrontação dos textos do que à reconstituição exaustiva das ideias dos textos-base.

O Resumo é reduzir as partes mais importantes de um texto, usando palavras claras e precisas. Partindo do texto a resumir, deve proceder-se da seguinte forma:
  • Compreender o texto original – preparar o resumo
  • Ler atentamente e sublinhar as ideias principais do texto;
  • Identificar as partes que o configuram;
  • Determinar as relações entre as diferentes ideias (causas, consequências…), e anotar, de forma sintética, a informação principal de cada parágrafo.
  • Construir um novo texto – redigir o resumo
  • Seleccionar as ideias ou factos essenciais do texto original que farão parte do resumo;
  • Suprimir as palavras ou frases que refiram pormenores secundários: comentários, exemplos, citações, expressões e frases redundantes;
  • Substituir partes do texto original por frases que tornem mais económica a expressão, reduzindo as orações subordinadas a nomes, adjectivos, etc.;
  • Redigir o resumo, respeitando as seguintes regras:
  • Respeitar a ordem das ideias pela qual são apresentadas no texto original;
  • Não usar o discurso directo;
  • Manter os tempos e as pessoas do texto original;
  • Respeitar o número de palavras proposto ou apontar para cerca de ¼ do texto original;
  • Transformar frases simples em complexas ou substituir um conjunto de frases por uma só que as inclua.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Glossário

Acção – Sequencia de acontecimentos, relacionados entre si, compõem um texto narrativo ou dramático. A acção é situada no tempo e no espaço.


Analepse – processo narrativo, também designado por flashback que consiste no relato de acontecimentos anteriores ao presente da acção e, em alguns casos, mesmo anteriores ao presente.

Antagonista – personagem que, num texto narrativo ou dramático, se opõe a outra, normalmente ao protagonista ou herói.

Assunto – breve resumo onde se conservam os pormenores mais importantes das ideias desenvolvidas no texto.

Autobiografia – género narrativo em prosa em que o autor real, que é simultaneamente a personagem principal, relata retrospectivamente a sua vida.

Autor – pessoa que produziu alguma obra literária, artística ou cientifica. É uma entidade real. Não deve confundir-se com narrador.

Biografia – género narrativo em prosa cujo objecto é o relato da vida de uma pessoa ou de uma personagem; narração oral, escrita ou visual dos factos da vida de alguém.

Conflito – oposição de forças entre as personagens de um texto narrativo ou dramático. Esta luta trava-se entre o protagonista e o antagonista, entre o herói e o destino, entre o herói e a sociedade ou pode travar-se na consciência do próprio herói.

Descrição – fragmento discursivo portador de informação sobre as personagens, os objectos, os lugares, o tempo, facilmente destacável do conjunto textual. Essencialmente estático, constitui um momento de pausa na progressão dos acontecimentos e, quando suprimido, em geral, não compromete a coerência interna da historia. A descrição implica frequentemente alterações a nível do discurso, nomeadamente: a passagem do presente ao imperfeito, o emprego frequente de verbos de estado, etc.

Espaço – os componentes físicos que servem de cenário ao desenrolar da acção e à movimentação das personagens; pode ainda ser entendido num sentido mais lato, compreendendo quer atmosferas sociais (espaço social), quer psicológicas (espaço psicológico).

Herói – protagonista; personagem principal numa obra narrativa ou dramática que encarna, de modo exemplar, os valores positivos e mais respeitados de uma determinada comunidade ou de determinada época.

História – designa o conjunto dos eventos narrados, o enredo, uma sequencia de acontecimentos situados no espaço e no tempo.

Narração – tipo de discurso que representa um ou mais eventos e que se destingue de descrição e do comentário. A narração caracteriza-se pelo dinamismo, dado o relevo aí assumido acção (por oposição ao estatismo da descrição), ou seja, pela sucessão encadeada de acontecimentos susceptíveis de serem temporalmente referenciados. As acções evocadas apresentam o cunho da instantaneidade, traduzida pelo emprego do pretérito perfeito e formas afins, expressões adverbiais e verbos de acção. Narraçao é também entendida como procedimento oposto à descrição ou, ainda, como modo literário que se distingue do modo dramático e do lírico.

Narrador – ser virtual criado pelo autor a quem cabe a tarefa de enunciar o discurso narrativo, organizar o modo de narrar e decidir do ponto de vista a adoptar. Quanto à presença, o narrador classifica-se como autodiegético (narrador coincide com o protagonista ou o herói), heterodiegético (o narrador não participa na historia narrada) ou homodiegético (o narrador participa na história narrada, mas não como protagonista).

Narratario – ser virtual criado pelo autor como destinatário do discurso narrativo. Do mesmo modo que o autor não se confunde com narrador, o narratário também não pode confundir-se com o leitor.

Personagem – É um ser ficcional em torno do qual gira a acção do texto narrativo.

Prolepse – antecipação, relativamente ao presente do discurso narrativo, da narração de eventos e situações que ocorrem ulteriormente na história.

Protagonista – herói; personagem principal da acção de um texto narrativo ou de um texto dramático.

Texto narrativo – orientada para a 3ª pessoa, com o recurso a descrições, conta/narra uma história. Narrativa é um termo polissémico que inclui a epopeia, o romance, a novela, o conto, a fábula, a autobiografia, a biografia, o diário, etc. A técnica narrativa pressupõe um acontecimento que é narrado, alguém a quem se narra e um intermediário entre ambos – o narrador.

Diálogo – As personagens falam entre si.

Monólogo – Uma personagem fala consigo mesma.

Tempo – Corresponde à sucessão dos momentos, de acordo com a sua contagem (minutos, horas, segundos, dias, meses, anos, séculos)

Acção fechada – Resolução de todas as dúvidas, expectativas, conflitos ou anseios acumulados.

Acção aberta – Se a narrativa deixar ao autor a possibilidade de imaginar a continuação da história.

Encadeamento – sequência de ordem cronológica dos acontecimentos.

Funções sintáticas

terça-feira, 11 de maio de 2010

A galinha

Minha mãe e minha tia foram à feira. Minha mãe com o meu pai e minha tia com o meu tio. Mas todos juntos. Na camioneta da carreira. Na feira compraram muitas coisas e a certa altura minha mãe viu uma galinha e disse:
- Olha que galinha engraçada.
E comprou-a também. Estava agachada como se a pôr ovos ou a chocá-los. Era castanha nas asas, menos castanha para o pescoço, e a crista e o bico tinham a cor de um bico e de uma crista. Nas costas levara um corte a toda a volta para se formar uma tampa e meterem coisas dentro, porque era uma galinha de barro. Minha tia, que se tinha afastado, veio ver, estava a minha mãe a pagar depois de discutir. E perguntou quanto custava. A mulher disse que vinte mil réis, minha tia começou aos berros, que aquilo só se o fosse roubar, e a mulher vendeu-lhe uma outra igual por sete mil e quinhentos. Minha mãe aí não se conformou, porque tinha regateado mas só conseguira baixar para doze e duzentos. A mulher disse:
- Foi por ser a última, minha senhora.
Minha tia confrontou as duas galinhas, que eram iguais, achando que a de minha mãe era diferente.
- Só se foi por ser mais cara - disse minha mãe com a ironia que pôde.
Minha tia aqui voltou a erguer a voz. Não se via que era diferente? Não se via que tinha o bico mais perfeito? E o rabo?
- Isto é lá rabo que se compare?
E tais coisas disse e tantas, com gente já a chegar-se, que minha mãe pôs fim ao sermão, por não gostar de trovoadas :
- Mas se gostas mais desta, leva-a, mulher.
Foi o que ela quis ouvir. Trocou logo as galinhas, mas ainda disse:
- Mas sempre te digo que a minha é de mais dura, basta bater-lhe assim (bateu) para se ver que é mais forte.
- Então fica com ela outra vez - disse minha mãe.
- Não, não. Trafulhices, não. Está trocada, está trocada.
Meu tio estava a assistir mas não dizia nada, porque minha tia dizia tudo por ele e, se dissesse alguma coisa de sua invenção, minha tia engolia-o. Meu pai também estava a assistir, mas também não dizia nada, por entender que aquilo era assunto de mulheres. Acabadas as compras, minha mãe voltou logo com o meu pai na carroça do António Capador que tinha ido vender um porco. Mas a minha tia ficava ainda com o meu tio, porque precisavam de ir visitar a D. Aurélia, que era uma pessoa importante e merecia por isso uma visita para se ser também um pouco importante. E como ficavam e só voltavam na camioneta da carreira, a minha tia pediu a minha mãe que lhe trouxesse a galinha, para não andar com ela o dia inteiro num braçado, que até se podia partir. De modo que disse:
- Tu podias levar-me a galinha, para não andar com ela o dia inteiro num braçado, que até se pode partir.
Minha mãe trouxe, pois, as duas galinhas na carroça do António Capador, e a minha tia ficou. E quando à tarde ela voltou da feira, foi logo buscar a sua. Minha mãe já a tinha ali, embrulhada e tudo como minha tia a deixara, e deu-lha. Mas minha tia olhou a galinha de minha mãe, que já estava exposta no aparador, e, ao dar meia volta, quando se ia embora, não resistiu:
- Tu trocaste mas foi as galinhas.
Disse isto de costas, mas com firmeza, como quem se atira de cabeça. E minha mãe pasmou, de mãos erguidas ao céu:
- Louvado e adorado seja o Santíssimo Nome de Jesus! Então eu toquei lá na galinha! Então a galinha não está ainda conforme tu ma entregaste! Então tu não vês ainda o papel dobrado? Então não estarás a ver o nó do fio?
Estavam só as duas e puderam desabafar.
- Trocaste, trocaste. Mas fica lá com a galinha, que não fico mais pobre por isso.
Minha mãe, cheia de compreensão cristã e de horror às trovoadas, ainda pensou em destrocar tudo outra vez. Mas aquilo já ia tão para além do que Cristo previra, que bateu o pé:
- Pois fico com ela, não a quisesses trocar. Só tens gosto naquilo que é dos outros.
E daqui para a frente, disseram tudo. Minha tia saiu num vendaval, desceu as escadas ainda aos berros, de modo que minha mãe teve ainda de vir à janela dizer mais coisas. Minha tia foi indo pela rua adiante, sempre aos gritos, e de vez em quando parava, voltando-se para trás para dizer uma ou outra coisa em especial a minha mãe, que estava à janela e lhe ia também respondendo como podia. Até que a rua acabou e minha mãe fechou a janela. E aí começou o meu pai, quando lá longe minha tia lhe passou ao pé e meu pai lhe perguntou o que havia e ela lhe disse o que havia, chamando mentirosa a minha mãe. Meu pai então disse:
- Mentirosa é você.
E começou a apresentar-lhe os factos comprovativos do que afirmara e que já tinha decerto enaipados de outras ocasiões, porque não se engasgava:
- Mentirosa é você e sempre o foi. Já quando você contou a história do Corneta, andou a dizer que
- Mentiroso é você, como sua mulher. Uma vez na padaria a sua mulher disse que
E daí foram recuando no tempo à procura das mentiras um do outro. Estavam já chegando à infância, quando apareceu o meu tio. Minha tia passou-lhe a palavra e começou ele. Mas como a coisa agora era entre homens, meu tio cerrou os punhos e disse:
- Eu mato-o, eu mato-o.
Meu pai, que já devia estar cansado, ficou quieto, à espera que ele o matasse, e como ficou quieto, meu tio recuou uns passos, tapou os olhos com um braço e disse outra vez:
- Foge da minha vista que eu mato-te.
Entretanto olhou em volta à espera que o segurassem. E quando calculou que tudo estava a postos para o segurarem, ergueu outra vez os punhos e avançou para o meu pai. Finalmente seguraram-no, e meu tio estrebuchou a querer libertar-se para matar o meu pai. Mas lá o foram arrastando, enquanto o meu tio se voltava ainda para trás, escabujando de raiva e de ameaça.
Autor:
Vergílio Ferreira

As irmas gagas

Uma mãe tinha três filhas e todas eram tatas. Para fazer que elas não perdessem casamento, disse-lhes:

- Meninas, é preciso estarem sempre caladas quando vier aqui a casa algum rapaz. Doutro modo, nada feito!
De uma vez, trouxe-lhes um noivo para ver se gostava de alguma delas, e tinha-se esquecido de repetir a recomendação às filhas. Estavam, pois, elas na presença do noivo, que ainda não tinha dado sinal para quem ia a sua simpatia, quando uam delas sentiu chiar o lume. E logo disse muito lampeira:
- Ó mãe, o tutalinho fede (isto é: «O pucarinho ferve»)!
Diz dali a outra irmã:
- Tira-le o této e mete-le a tolé (isto é: «Tira-lhe o testo e mete-lhe a colher»).
A última, zangada por ver que as irmãs não obedeciam à habitual recomendação da mãe, exclamou:
- A mãe nam di que não falará tu? Pois agora não tasará tu (isto é: «A mãe não disse que não falarás tu? Pois agora não casarás tu)!
O noivo, assim que viu que todas elas eram tatibitate, desatou a rir e fugiu pela porta fora.

sexta-feira, 7 de maio de 2010